Doença inflamatória crónica. Estrogénio-dependente[1].
Caracterizada pela presença de tecido similar ao endométrio em localização extrauterina, provocando uma resposta local inflamatória. Sendo esta uma doença crónica e recorrente, tem um impacto acentuado na saúde física e mental da mulher, afetando todas as vertentes da sua vida: familiar, laboral e social[2].
Uma forma particular de endometriose é a adenomiose, que se encontra no miométrio uterino e que pode ser focal ou difusa.
Na maioria dos casos, não tem cura e apenas pode ser controlada[3]. Estima-se que afete aproximadamente 2 a 17% da população feminina em geral[4], assim como cerca de 50% de mulheres com infertilidade.
Alguns estudos demonstram que os estrogénios são necessários para que a doença se desenvolva[1] e, por isso, ela está normalmente associada ao período reprodutivo da mulher[6], exceto em casos isolados, em que a patologia surge em idades mais precoces ou avançadas[7]
MAIS DE
MULHERES EM TODO O MUNDO[8]
CERCA DE
MULHERES EM PORTUGAL[9]
A grande maioria das mulheres que sofrem com a patologia, em Portugal, está subdiagnosticada e uma outra percentagem pode ser assintomática. A patologia tem atualmente um impacto económico e psicossocial significativo[8].
Classificação revista pela ASRM (American Society for Reproductive Medicine)[10]
> Formas mínimas (estádio I)
> Ligeiras (estádio II)
> Moderadas (estádio III)
> Graves (estádio IV)
A classificação ASRM é a mais utilizada na comunidade médica[11]. Porém esta classificação conta com limitações, nomeadamente, a reduzida utilidade para a decisão clínica — já que o estádio da doença pode não se correlacionar com os sintomas —, para além da não valorização da presença de Adenomiose ou Endometriose profunda, é recomendável a utilização de uma ferramenta multifatorial[12].
Outros instrumentos de classificação
> Enzian — mais relacionado com a endometriose profunda[13]
> EFI (The Endometriosis Fertility Index)[14] — utilizado sobretudo em casos de pacientes de Endometriose que pretendam engravidar
> American Association of Gynecological Laparoscopists (AAGL)
Nenhum dos instrumentos mencionados parece corresponder na totalidade às necessidades de clínicos e pacientes. Deste modo, e de forma a melhor adequar a classificação do grau de desenvolvimento da doença à sintomatologia e relevância da informação obtida, a última reunião de consenso levada a cabo pela World Endometriosis Society[15] propõe o recurso aos vários instrumentos de classificação existentes e acima referidos, devendo os especialistas optar ou não por combinar esses mesmos instrumentos no diagnóstico das respetivas pacientes sempre que tal se considere adequado.
[1] Vercellini, P., Trespidi, L., DeGiorgi, O., Cortesi, I., Parazzini, F., & Crosignani, P.G. (1996) Endometriosis and pelvic pain: relation to disease stage and localization. Fertility and Sterility, 65(2), 299-304. doi: https://doi.org/10.1016/S0015-0282(16)58089-3
[2] Sociedade Portuguesa de Ginecologia (2015). Consenso sobre endometriose. Penela: Sociedade Portuguesa de Ginecologia. Disponível em http://www.spginecologia.pt/uploads/CONSENSO_LivroEndometriose_2015.pdf
[3] Vercellini, P., Crosignani, P.G., Abbiati, A., Somigliana, E., Viganò, P., & Fedele, L. (2009). The effect of surgery for symptomatic endometriosis: the other side of the story. Human Reproduction Update, 15(2), 177-188. doi:10.1093/humupd/dmn062
[4] Culley, L., Law, C., Hudson, N., Denny, E., Mitchell, H., Baumgarten, M., & Raine-Fenning, N. (2013). The social and psychological impact of endometriosis on women’s lives: a critical narrative review. Human Reproduction Update, 19(6), 625-639. doi: 10.1093/humupd/dmt027.
[5] Adamson, G.D., Kennedy, S. & Hummelshoj, L. (2010). Creating solutions in endometriosis: global collaboration through the World Endometriosis Research Foundation. Journal of Endometriosis, 2(1), 3-6. https://doi.org/10.1177/228402651000200102
[6] Eskenazi, B., & Warner, M.L. (1997). Epidemiology of endometriosis. Obstetrics and Gynecology Clinics of North America, 24 (2), 235-258. https://doi.org/10.1016/S0889-8545(05)70302-8
[7] Moen, M.H., & Schei, B. (1997). Epidemiology of endometriosis in a Norwegian county. Acta Obstetricia et Gynecologica Scandinavica, 76(6), 559-562. doi: 10.3109/00016349709024584
[8] Rogers, P., D’Hooghe, T., Fazleabas, A., Gargett, C., Giudice, L., Montgomery, G., Rombauts, L., Salamonsen, L., DPhil, K. (2009) Priorities for Endometriosis Research: Recommendations From an International Consensus Workshop. Reproductive Sciences, 16 (4), 335-346 DOI. 10.1177/1933719108330568
[9] PORDATA (2018). População residente do sexo feminino segundo os Censos: total e por grupo etário. Consultado em 14 de março de 2019, em https://www.pordata.pt
[10] American Society for Reproductive Health (2012) Endometriosis: Causa infertilidad? Consultado em março de 2019 em https://www.asrm.org/globalassets/rf/news-and-publications/bookletsfact-sheets/spanish-fact-sheets-and-info-booklets/endometriosis_causa_infertilidad-spanish.pdf
[11] Setúbal, A., Maia, S., Lowenthal, C., & Sidiropoulou, Z. (2011). FDG-PET value in deep endometriosis. Gynecological Surgery, 8(3), 305-309. doi: 10.1007/s10397-010-0652-6.
[12] Sociedade Portuguesa de Ginecologia (2015). Consenso sobre endometriose. Penela: Sociedade Portuguesa de Ginecologia. Disponível em http://www.spginecologia.pt/uploads/CONSENSO_LivroEndometriose_2015.pdf
[13] Keckstein, J., Ulrich, U., Possover, M., & Schweppe, K.W. (2003). ENZIAN-Klassifikation der tief infiltrierenden Endometriose. Zentralbl Gynäkol, 125, 291. Disponível em: http://www.endometriose-sef.de/dateien/ENZIAN_2013_web.pdf
[14] Adamson, G.D., Kennedy, S. & Hummelshoj, L. (2010). Creating solutions in endometriosis: global collaboration through the World Endometriosis Research Foundation. Journal of Endometriosis, 2(1), 3-6. https://doi.org/10.1177/228402651000200102
[15] Johnson, N.P., Hummelshoj, L., Adamson, G.D., Keckstein, J., Taylor, H.S., Abrao, M.S.,… & World Endometriosis Society São Paulo Consortium. (2017). World Endometriosis Society consensus on the classification of endometriosis. Human Reproduction, 32(2), 315-324. doi: 10.1093/humrep/dew293